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domingo, 25 de novembro de 2012

Resenha Crítica de "Ben" (não da música, caralho... do filme...)

Primeiramente, gostaria de pedir a todos que leem essa porra (eu e mais um ou outro merda por aí) perdão, por ter parado repentinamente de postar, e ter demorado tanto para voltar. É a vida de estudante... a gente vai fazendo as coisas... vai ficando sem tempo... e nem percebe, que ao menos até os 65 anos, nossas obrigações só tendem a aumentar. Nós demoramos a aprender a administrar nosso tempo, mas aprendemos. E foi isso o que aconteceu comigo.

APRESENTAÇÃO

Bom, vamos agora falar de filme, eu resenharei aqui (se eu fosse um pouquinho mais escroto, socaria um "por meio desta" agora...) o filme "Ben", no Brasil, seu título é "Ben, O Rato Assassino". Como sempre o Brasil cagando no título original dos filmes... Este, dos filmes resenhados até aqui, é o mais antigo, é de 1972, dirigido por Phil Karlson
O filme aborda o entrelaçar das histórias de um garotinho estranho, sem amigos e solitário e um rato, líder de um imenso bando.


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Capa do filme


O filme começa em uma cena de interação entre Ben e Willard (não achei por nada nesse mundo o nome do ator), um rapaz estranho e recluso (não se apressem, ainda não é este rapaz que é o outro protagonista do filme juntamente com Ben). Nesta cena, Willard tenta, temeroso, uma aproximação de Ben, este o morde, Willard fica furioso, tenta promover o assassínio de Ben, mas este, como retaliação, acaba promovendo o assassínio de Willard.
Willard tentando se aproximar de Ben.



Ben mordendo Willard e este se afastando.


Willard tentando matar Ben.

Willard tentando matar Ben [2].

Ben e seu exército matando Willard.


A polícia então acha o diário deste, em meio à investigação de sua morte, neste Willard havia escrito que ele era o "rei dos ratos" e Ben "seu ajudante", a polícia então parte a procura da solução para tal problema. A polícia então ordena que dois policiais fiquem a vigiar a casa de Willard, um deles (Norman Alden) adentra na casa sozinho, achando um gatinho em uma moita, usa-o para apontar o esconderijo dos ratos, este é aparentemente a parede de madeira. Então, o policial arranca a madeira da parede com um pé-de-cabra ou algo que o valha e é assassinado pelos ratos. Então a preocupação policial se intensifica.

Policial Kelly (Paul Carr) e seu parceiro que não tem o nome mencionado (Norman Alden).

Policial entrando na casa de Willard.

Gato apontando esconderijo dos ratos.

O policial se certificando do esconderijo dos ratos.

Os ratos matando o policial.



Em suas andanças pela cidade, Ben conhece o garotinho solitário, Danny (Lee Montgomery), então, tornam-se melhores amigos, embora solitário, Danny tem uma mãe (Rosemary Murphy) e uma irmã (Meredith Baxter) extremamente protetoras, tal proteção demasiada, provavelmente se deve ao fato de o garoto ter problemas cardíacos.

Danny conversando com Eve, sua irmã gostosinha.


Danny alimentando o rato ao conhecê-lo.

 No decorrer do filme, Ben e seus liderados causam mais destruição. arrasam as mercadorias de um supermercado e assassinam seu zelador (a cena não é explícita, mas fica subentendido, principalmente por que mas adiante, menciona-se que os ratos já haviam matado três pessoas, mas só havia mostrado de fato a morte de Willard e do policial). Esta cena ocorre após Henry (Scott Garrett) ter perturbado Danny e Ben e seus amigos terem defendido-o. Então, os policiais Kirtland (Joseph Campanella) e Joe (Kaz Garas) junto com a mãe de Henry (Arlen Stuart) procura por Danny, este mente, dizendo que o rapaz caiu nas roseiras.

Supermercado arrasado pelos ratos.



O terror está na cidade, apenas Danny não tem medos dos ratos. O tenente Kirtland  ordena uma vistoria na malha de esgoto da cidade, o curioso, é que mesmo tendo visto a periculosidade dos ratos, apenas dois homens desarmados vão fazer a vistoria, um deles morre atacado pelos ratos.  A polícia então resolve radicalizar, mandam equipes de extermínio ao esgoto para neutralizar a ameaça. Sabendo disso, Danny vai ao esgoto avisar Ben (sim,ao menos aparentemente, eles podem se comunicar de modo mutamente inteligível). Sua irmã gostosinha, Eve vai atrás do garoto, então, Danny avisa seu amigo, e agora, só lhe resta sair de lá e torcer pelos ratos. Os ratos são exterminados quase em sua totalidade. Danny, encontra-se extremamente triste, até que então, bastante machucado, seu amigo Ben, retorna a até ele. Então, Danny cuida de Ben, de um modo extremamente doce, tão doce quanto uma garota de 14 anos enamorada, e o filme acaba aí.

Danny entrando no esgoto para alertar seus amigos.


Eve no esgoto em busca de seu irmão.



Homem enfrentando a praga no esgoto com lança-chamas. 


Danny cuidando de seu único amigo.


APRECIAÇÃO (OU DEPRECIAÇÃO)
Dos filmes que já critiquei aqui, creio que este seja o de enredo mais simplista. É um daquees filmes conhecidos como trash. É uma versão a um filme mais antigo, o filme "Willard", no qual conta-se a história de um garoto que encontrou uma legião de ratos e parece comandá-los. Eu não posso aprofundar mais por que não encontrei o filme, é antigo e pouquíssimo conhecido, já vi o remake do filme (que ficou excelente) mas como não sei se o cineasta responsável pelo remake manteve a história, prefiro não opinar. O filme aponta uma questão interessante, a de que os ratos (pela metáfora pode-se entender qualquer outra praga urbana) não são pragas urbanas, mas sim o ser humano é uma praga ambiental. Nós acumulamos dejetos sob a terra, e ainda assim não queremos que animais que são atraídos por tais infestem as cidades... nós deixamos lixos orgânicos nos lixos em casa, mas temos aversão à baratas e ratos, nós acabamos com as florestas mas não queremos que as pombas venham para a cidade cagar na gente... 
O filme também evidencia a carência afetiva de Danny, este toma por seu único amigo, um ser que usa uma linguagem totalmente diferente da sua (a abordagem da carência é muito rasa e estéril) , é um garoto mimado e ao mesmo tempo preso, pela família superprotetora, que age assim talvez por seu problema de coração. 
Como dito, o filme é de enredo extremamente simplório, além disso pouco original, visto que é uma versão. Deixa muito a desejar como arte.

SOBRE OS ERROS
O filme é tão ruim que me tirou o tesão de assistí-lo repetidas vezes em busca de erros, como fiz com os outros. Tentei pesquisar no maior site da net de erros de filmes (o moviemistakes) e o filme nem catalogado estava.

TRILHA SONORA
Resume-se a porra da música homônima do Michael Jackson e a efeitos sonoros escrotos.

ATUAÇÕES
Todas pífias, com exceção da irmã gostosinha do Danny, que na verdade é a atriz Meredith Baxter.

PONDERAÇÃO
Repetindo, o enredo é extremamente simplório, não dá para dissecar a estrutura da trama, não dá para analisar o caos causado pelos personagens, eles não causam nenhum caos, é uma trama tão simplória que é difícil de discorrer sobre ela de modo decodificador e analítico, mas vou tentar, pois sinto que a resenha está pobre em análises técnicas. 
A trama se desenvolve na busca por ratos destruidores, liderados por Ben. Bem se torna amigo de Danny. Ben é caçado, é esse fato que desenvolve a trama. O conflito do filme se dá no fato de essa caçado aos ratos ser incompatível com a amizade de Ben e Danny. Logo, a essência do filme, em termos de núcleos, pode se resumir à seguinte fórmula: um fator que atrapalha a interação de outros personagens. Essa é exatamente a fórmula desses filmes românticos de merda, feitos para menininhas de 13 anos, como a franquia "Crepúsculo", "Deja Vu", "Um Príncipe Em Minha Vida", "Um Amor Para Recordar"... concluindo: essa é a fórmula de filmes mainstream de merda que nunca me verão resenhando. Essa também é a fórmula das comédias românticas (que em 99,99999999999% dos casos são o que eu chamei de filmes mainstream de merda...). A maior prova de que o filme emprega tal fórmula extremamente recorrente, é seu final, no qual evidencia a vitória da união de Ben e Danny sobre as externalidades que a atrapalhavam.


CONCLUSÃO
A única coisa interessante que pode tirar do filme é a relação entre humanos e pragas urbanas, mesmo assim, pode-se extrair tal questão de modo bem forçoso, visto que o filme se passa quase todo em volta de Ben e Danny, é um filme infantiloide, como o próprio Danny, tem um enredo larval. O filme é tão ruim, que mesmo sem ver o filme que inspirou essa versão ("Willard") creio que "Ben" seja daquelas famosas "versões cagaço", que nem as versões de músicas que o Latino faz..
Visto a questão interessante que o filme pode levantar, se o enredo fosse tratado de modo decente (e não de modo descente) talvez este filme teria uma nota até boa, embora não creio que passaria "Eraserhaed".
A única coisa que valha a pena no filme é a irmãzinha gostosinha de Danny. 
Até então, este é o primeiro filme a alcançar status de péssimo (considero como péssimos, filmes de nota menor ou igual a 2), estão ansioso para resenhar o primeiro filme com status de obra prima (nota maior ou igual a 9,5), "Eraserhead" chegou perto...
NOTA
2,0

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Resenha Crítica do Filme Eraserhead





APRESENTAÇÃO


Neste post terei a difícil, porém agradável, missão de resenhar o primeiro filme do meu grande ídolo, David Lynch, o diretor que entra na sua mente ( se isso não acontece com você é por que provavelmente você não tem uma mente ). Este filme propositalmente feito em prento-e-branco, iniciado no ano de 1970 e lançado apenas no ano de 1977 aborda um enredo simplório porém originalíssimo de maneira mais original ainda. Essa maneira é uma maneira psicológica, é um filme que questiona a afinidade com a estética retida e regida pela nossa anima.

Capa do filme.

O filme se inicia em um devaneio de Henry Spencer ( Jack Nance ), no qual ele visualiza o céu, depois de cruzar este céu onírico, o delírio de Spencer adentra visualmente em uma tenda através de um buraco circular, este se encontra deparando com uma figura doente e monstruosa, esta figura apesar de doente e monstruosa parecia alegoricamente ter o controle sobre a situação ( Jack Fisk ), esta alegoria é notada pelo manejo de alavancas por parte dessa criatura doente e lúgubre. Em seu delírio, Spencer é obcecado com formas "enteroformes", e algo desta forma sai da boca de Henry Spencer, fica por um bom tempo perto de seu rosto, como que confrontando com ele, depois, quando permitido pelo ser doente e tétrico, esta forma ascende.


Henry Spencer no seu primeiro devaneio 
Homem doente e tétrico manejando as alavancas
 Forma enteroforme ( ao lado de Henry Spencer
Forma enteroforme caindo na possa após manejo do homem doente
Forma enteroforme caindo na possa após manejo do homem doente [2]


Então, ida esta coisa obtusa, ele se recupera de seu devaneio, em meio à cidade industrial a qual habita, caminhando em direção a seu lar, nota-se que no caminho ele pisa em uma possa, e é justamente em uma possa que aquele pequeno ser "enteroforme" cai após o manejo de alavancas pelo ser doente, cai e se vê em um buraco, como se o buraco fosse um lugar secreto e assombrado da psiquê se Henry Spencer.
 Indo para casa, com seu caminhar angustiado sendo testemunhado por uma câmera regida por David Lynch de modo a filmar um caminhar aflitivo e aflitivamente ( no bom sentido ). Ao chegar ao seu pequeno apartamento, sua vizinha atraente ( Judith Roberts ) lhe conta que uma moça chamada Mary ( Charlotte Stewart ) o havia convidado para jantar na sua casa ( na dela mesma, não na da moça atraente, nem na dele, muito menos na sua ). Henry então entra em seu lar, tira o sapato para secar, coloca uma música tocar, e tenta descansar. Ele senta em sua cama, fica vidrado um pouco em seu radiador, e depois olha a janela, e vê a janela murada, com se aquela visão refletisse sua sensação claustrofóbica em relação à aquela vida, àquela cidade industrial, aquele mundo pós-apocalíotico, ou talvez mesmo à sua condição psicológica.


Janela murada

Henry então parte para jantar com sua antiga namorada, Mary X. Após o jantar e seus subversivos eventos e tom onírico  que envolveram além do casal: a mãe  de Mary X ( Jeanne Bates ) o pai ( Allen Joseph ) e a avó ( Jean Lange ) conta a Henry que ele e Mary tiveram um filho, este rebendo é deformado e pouco querido. Após isso ela exige que sua filha que Henry Spencer se casem, curiosamente, Mary pede Henry em casamento de modo muito penoso, como se ela não estivesse gostande de fazê-lo ( e não estava ) e como se ele fosse odiar se casar com ela. Spencer aceita prontamente e docemente.

Imagem do pedido de casamento

O casal então começa a criar seu filho. Os dois não vivem como um casal, vivem como estranhos sob o mesmo teto. O bebê é coisificado pelos dois, eles cuidam dele apenas pela obrigração. Mary X durante a sua experiência de casada revela sensivelmente e sublinarmente uma aversão pelo marido e pelo bebê, um bebê que é uma coisa maldita que saiu de dentro dela, um bebê que deixa tronitruante sua fragilidade psicológica e também sua crueza humana.

Imagem do bebê

Ao longo de todo o filme Henry Spencer tem devaneios, devaneios estes que são a única coisa capaz de absorvê-lo do meio da rotina. Ao longo de sua empreitada medonha com seu filho, suas alucinações se intensificam, ele vê um expetáculo da mulher do radiador ( Laurel  Near ) e durante esse espetáculo, esta pisa violenta e impiedosamente sobre os tais corpos enteroformes.



Mulher do radiador pisando nas formas com as quais Henry é obcecado
 Devaneio com sua cabeça ( estes justificam o nome do filme )





Ele testemunha a criatura a qual tutela sofrer instantaneamente de uma moléstia, sonha com a sedutora vizinha, em um sonho no qual ela se oferece a ele, ele fica temeroso em relação ao juízo dela sobre o bebê, eles conhecem a seus corpos e afundam, afundam para um outro espaço, o mesmo espaço da moça do radiador, afundam e descobrem, que no céu está tudo bem ( para quem não viu o filme e consequentemente não entendeu meu ludismo, a moça do radiador canta para eles uma canção dizendo: " In heaven, everything is fine. / In heaven, everything is fine. / In heaven, everything is fine  / You got your good thing, and I got mines. " ).
 Neste devaneio, longo devaneio, ele ainda se vê tocando as mãos da misteriosa moça do radiador no palco, subitamente aquele rapaz moribundo como um desafeto de Deus do início do filme toma o lugar da moça, as pequenas formas subversivas à natureza do normal são varridas do palco pelo vento, uma pequena árvore seca se arrasta até o palco, Henry segura uma barra e começa a rolá-la em suas mãos, o torrão onde está a raíz da árvore sangra, sua cabeça cai ( a de Henry,porra... afinal de contas árvore não tem cabeça. Nem nesse filme doidão... ) ela afunda no sangue da planta e vai parar em um outro plano, cai perto de um mendigo, o mendigo faz menção de pegá-la, mas um garoto pega, leva até uma indústria, e nessa indústria é feita de seu cérebro borracha para lápis. No lançar das limalhas da borracha, sua alucinação acaba, era um sonho, ele acorda.



Henry tocando as mãos da moça do radiador


Acordando, Spencer vai até a casa da sedutora senhora sua vizinha, a vê com outro homem, fica um tanto quanto estarrecido, volta para dentro de seu apartamento, vê seu filho rindo, rindo como se achasse tão engraçado a infelicidade de Henry quanto é penoso para Henry cuidar de seu filho não amado.


 Bebê rindo de Henry


Henry, apavorado pela concepção maligna que tem do bebê, constituída pelo seu senso de estética, e pela sua loucura industrial, mata seu filho com uma tesorada nas vísceras. Ele desenrola aflito a atadura do menino e o fere.

Tesourada

Mais uma vez delirando, Henry se encontra com o rapaz moribundo das alavancas do início do filme, este cordena as alavancas mais uma vez, depois encontra a moça do radiador, a abraça, daí tive a infelicidade de não mais acompanhar seus delírios, pois o filme acabara.



Moça do radiador abraçando Henry Spencer

APRECIAÇÃO ( OU DEPRECIAÇÃO )
Onírico, alegórico, fantástico e outros adjetivos positivos proparoxítonos... assim é a estreia ( repito: a estreia ) de David Lynch. Tal como outros filmes de David Lych este filme se passa na cabeça do protagonista predominantemente, é embasado nela.
Em um mundo pós-apocalíptico, onde as pessoas não lidam bem com as frustrações, onde todo o ar parece ser fumaça, onde toda construção parece ser indústria, é retratado o choque que a feiura causa em nós. Note, que desde o começo do filme Henry está impressionado com aquela forma estranha e visceral, o filme começou literalmente com a cabeça de Henry "nas estrelas", "voando alto". O filme é uma longa recordação de Henry Spencer, e nesta recordação que é o filme, Mary X se mostra culpada e triste por ter gerado algo tão feio... E o bebê... o bebê é apenas um objeto do julgamento estético dos personagens que o vêem ( seja os que o vêem realmente ou o vêem nos delírios de Henry ). Na cena em que Mary vocifera com o bebê, todos nós somos obrigados a ponderar: se o rebento fosse um lindo bebê rosinha, com o cabelo da mãe e os olhos do pai, Mary X gritaria com o bebê assim, de modo tão odioso? No âmago da sua alma você sabe a resposta. 


Mary vociferando com o bebê

Percebemos então que o filme é uma alegoria ao caos moderno industrial, a nova cultura superficial imposta pelo capitalismo, e isso me fascina no filme. Obras surrealistas costumam entrar na sua mente, e discertar sobre temas freudianos, mas Eraserhead foi além. Se bem que Eraserhead não é uma obra totalmente surrealista, noto também muita influência do Expressionismo Alemão. Em verdade vos digo: este filme apresenta a melhor caricatura dos filhos de um mundo onde a mentaliade obcessivamente industrial e capitalista parece ter deixado todos loucos, mentes mimadas, frágeis, imaturas e carentes, ao mesmo tempo cruéis e condenadoras. Somos sádicos com quem gosta de nós e com quem nos desagrada e masoquistas quando percebemos não ser queridos. Henry gostava de Mary X, e por isso ela o tratava mal, Henry Spencer percebeu não ser querido nem pela sua linda vizinha nem pela sua namorada ( não sei se essa palavra é cabível ) por isso sua mente o castigava tanto, e como o castigava...


Henry tentando fazer carinho em Mary e ela negando-lhe.

Quanto ao bebê, o que fez para ser tão pouco querido, morto tão cruelmente?  É fácil responder: nasceu feio, e o que é pior, em uma sociedade na qual estética é fundamental, em uma sociedade na qual a mentalidade industrial condicionou todos a zelarem pela normalidade instintivamente, este zelo torna a todos anormais e loucos, porém isso é da normalidade deles.
Os tipos humanos do filme são caricaturas da personalidade humana, isso é fácil perceber pela entonação nos diálogos, e pelas frustrações que certos personagens revelam. Mary X,  sentindo-se um lixo por dar à luz algo tão feio, pergunta insegura e triste para Henry: " You wouldn't mind marrying me, would you Henry? " ( Você não se imposta se você e eu nos casarmos, Henry?". O pedido de casamento evidencia o estado psicológico da personagem, e todo o filme acompanha esta atmosfera.


 SOBRE OS ERROS

Os únicos erros do filme que é propriamente um erro é a sombra do câmera visível na cena em que Henry mata o bebê no final do filme e um erro de equipamento visível. Apenas dois erros em 1h 28min e 45s, é uma média sensacional! Os outros "erros" são erros de continuação possivelmente deliberados para causar confusão, visto a atmosfera do filme, como alguns errinhos de continuação no filme Laranja Mecânica ( está aí um bom filme para eu resenhar qualquer dia...). Há vários outros "errinhos" no filme, como: quando Mary X atende Henry ela está com um adereço no cabelo, quando ele entra ela não está mais com o adereço; no início do filme Henry pisa com o pé direito em uma possa, ao chegar em casa ele tira a meia e o sapato esquerdo e põe secar no radiador. Dentro do quarto de Henry, a natureza da luz é subvertida, sua direção não condiz com certas zonas escuras. Esses "erros" possivelmente são para reforçar a atmosfera caótica do filme, também reforçada pelos diálogos, pela espectativa gerada por certas características do filme ( longo intervalo entre diálogos, falas caricatas ).
Um filme de x duração que contem apenas um erro é no mínimo sensacional... mesmo que pela pouca mudança de ambientes do filme os erros sejam reduzidos.

Na cena em que o pescoço do bebê chacoalha aparece um corpo estranho abaixo do pescoço do bebê, provavelmente é parte do equipamento que faz o movimento do pescoço do bebê.



Note a sombra do câmera no lado esquerdo da imagem ( eu sei que é difícil com essa nitidez, se quiser ver esse erro, pause o filme em 1h 24min e 38s


CLAUSTROFOBIA

Passagem por onde passa Henry no início do filme.

 Mr. X retirando a janta do fogão

 Mrs. X e a avó de May X preparando comida ( note a passividade da avó )
 Note que certos encontros entre paredes ( todos apresentados nessas três imagens ) formam ângulos agudos, causando uma impressão claustrofóbica.*

TRILHA SONORA
A trilha sonora é probríssima em músicas, apenas duas ( mesmo o filme tendo 1h 28min e 45s ). "In Heaven", composta por Lynch, e a música que toca no vinil de Henry ( que não é mencionada na porra dos crédicos e eu não sei qual é ). Mesmo pobre em músicas, a trilha sonora convence pelo carater "dark ambient", ficou estremamente coesa com o filme, a trilha sonora é responsabilidade de David Lynch e Alan S. Splet, ainda acho que um pouquinho mais de música não faria mal, mas mesmo assim parabéns para eles.

ATUAÇÕES
Na pior das hipóteses, a atuação fora excelente! Desconheço filme com autações mais convincentes, é verdade que filmar em preto-e-branco desfarça "canastrisse", mas mesmo levando isso em conta, as atuações se mostram primorosas.

CONCLUSÃO
O filme é inovador, diferente de tudo que já vi na minha vida. Tem uma proposta majestosa! E devemos considerar que o filme foi a estréia de um cineasta! Magnífico... Beirou a perfeição... Minha observação negativa vai para a cena do frango, na qual Henry corta o frango frito ele começa e espumar e mexer, foi uma cena totalmente desnecessária e apelativa ( não teria nada contra se fosse apelativa, porém necessária ) erro comum de inicante, temos que lembrar que na época em que Lynch começou a fazer o filme ele tinha apenas 24 anos.

NOTA
9,4

OBSERVAÇÃO
Antes que alguém me pergunte ( creio que ninguém venha a me perguntar, pois sou o único leitor dessa porra ) eu não deixo uma relação com dados técnicos do filme ( como duração, gênero, data de lançamento ) como a maioria dos críticos fazem por que falo sobre estes dados na resenha, e também por que os filmes que assisto raramente podem ser enquadrados em um gênero específico. Quanto mais assisto a filmes mais noto que os filmes com melhores propostas geralmente são os que menos se atêm a gêneros fechados.


CURIOSIDADES
O bebê foi feito a partit de um feto de cabra embalsamado, e o fato fora enterrado em lugar desconhecido depois das gravações.

O diretor do filme, David Lynch, durmiu no quarto de Henry Spencer durante os 5 anos de gravação.

Fontes próximas ao diretor dizem que o seu esmero no filme desgastou seu primeiro casamento e foi motivo do término do mesmo.

Os grunhidos do bebê macabro são grunhidos gravados da própria filha de Lynch, Jennifer Chambers Lynch, que depois viria a ser cineasta como o pai.

O filme que demandou um orçamento baixo foi produzido com seu dinheiro pessoal e com o dinheiro de um amigo de infância, Jack Fisk, que participou do filme como o homem moribundo das alavancas.

O segundo casamento de Lycnh foi com a irmã de Jack Fisk.

DOWNLOAD
http://www.4shared.com/file/vkCWi1ko/EraserheadPTBR.html